sexta-feira, 25 de maio de 2007

OS IMAGINHEIROS .doc

OS “IMAGINHEIROS”

O esplendor do país tem andado,de forma clandestina,em saldos e promoções para gente de mui fino recorte politico. As recentes notícias que constantemente nos entram em casa,o que vamos vendo ,ouvindo e “blogando” colocam esta nação, cada vez menos valente,à beira de um ataque de nervos.Vive-se em “estado de espanto” com as chamadas elites que nos tem saído nas rifas da democracia.As elites que nos tem governado confundem democracia com tecnocracia e em última análise apenas são capazes de alimentarem uma pobre democracia de mercado em que as pessoas são apenas números,indicadores e pagadores de taxas e impostos.Quanto a contrapartidas continua a ser difícil encontrá-las do lado de cá dos cidadãos.As recentes notícias com que temos sido brindados pelo Tribunal de Contas,Universidades e empresas cuja gestão salda para si partes de leão deixam-nos admirados face ao desplante com que tudo vai sendo feito. Os vários relatórios sobre a Ota,permitem-nos concluir que existem “otinhas” para todos os gostos.As nossas elites parecem viver sobre o lema “Um país,vários esquemas” e cada um monta o processo adequado para sacar os seus interesses sejam elas certificados de conveniências, empresas públicas mais ou menos virtuais,mas bem reais nos pagamentos e nos benefícios auto-legislados.As liquidações de serviços públicos espalhados pelo país e os incidentes que vão acontecendo porque a incapacidade instalada não conhece as situações concretas das regiões,chegam até nós sem respeito pelas pessoas que parecem viver em “terras de ninguém”.Na realidade somos um país pobre governado por elites cuja prioridade é facturarem em proveito próprio fruto dum novo-riquismo primário.Os actuais burocrátas chamam-se “imaginheiros” gente bem encostada ao poder que põe a render toda a sua imaginação predadora e não olha a “engenharias” clandestinas para entrar no velho baú dos cidadãos.
A realidade é que existem cá no sítio uns quantos senhores que se julgam intocáveis,insubstituíveis e… imortais e para quem o povo é escravo,escriva e pagador
Vou socorrer-me dum velho amigo, Esopo para plagiar uma das suas fábulas,concretamente “O Leão e as Outras Feras” e narrar algumas cenas eventualmente chocantes…pela sua actualidade.
O leão decidiu e foi à caça.Convidou,na hora,três outras feras que não tiveram outro remédio senão ir.A caçada correu muito bem e o leão teve até maioria bem significativa na caçada.No final o leão,assumindo o poder inerente à sua condição de “primus inter pares”,chamou a si o direito de repartir a caçada,dividindo-a,muito democraticamente,em quatro partes iguais.Os seus companheiros assistiam satisfeitos e complacentes a tudo o que acontecia,pois reconheciam no seu íntimo que o leão era naturalmente o mais poderoso da democrática selva.
Todavia,quando os velhos amigos da caçada tomaram a iniciativa de pegar em cada um dos respectivos lotes,o leão falou e disse:”-Mais devagar e façam favor de me ouvir.Este primeiro lote é meu,porque obviamente representa a minha parte.O segundo,também me pertence,pois como sabem sou o primeiro da selva.O terceiro lote também só pode ser meu pois é a oferta que certamente os meus amigos,que tantos favores me devem,farão ao seu senhor,como forma de homenagear o líder estupendo e incontestado que sou. Quanto ao quarto lote,vamos disputá-lo na hora e logo ficarão a saber quem tem força e quem manda.”
Qualquer semelhança entre esta fábula de vãs glórias e acontecimentos semelhantes que diariamente vamos observando, não é pura coincidência,é apenas engenho e arte de muito “imaginheiro” à boleia de conjunturas de ocasião.

José Vicente Ferreira
Gestor e Docente Universitário ISCSP-UT