terça-feira, 6 de março de 2007

SIMPLEX:O ESTADO DA ARTE

SIMPLEX:O ESTADO DA ARTE

Falar do Simplex implica entrar em cenas eventualmente chocantes.As musas inspiradoras foram algumas “notas soltas”,muitas “escolhas”,umas quantas “quadraturas de círculo” e algumas conversas de bastidores anónimos.Com semelhante enquadramento de muita parra e pouca uva,esta escrita só pode ser mais parra.No princípio foi a multiplicação dos galhos.O espaço era imenso,existiam vagas e mais vagas para todos os interessados e amigos.Tudo uma questão de quota.E quem mais galhos produzia mais interessados arregimentava.Tudo corria bem naquele país.A democracia tinha descoberto os seus novos príncipes.Ministros e intermináveis equipas colocavam a geito e nos galhos públicos,gestores,assessores,directores e directores adjuntos e adjuntos de directores sempre acompanhados de intermináveis fiéis que,em galhos sombra,se alimentavam uns aos outros na troca de papéis,opiniões,reuniões,seminários,encontros,plataformas,
congressos e inumeras iniciativas que mantinham o pessoal bem pago, entretido e ocupadoA fila “pró galho” era imensa,mas os galhos lá iam chegando para todos.Naturalmente onde havia galhos havia caras e coroas e toda aquela máquina devoradora traduzida em viagens,cartões, restaurantes, automóveis e os apatecidos convites “vipes” para tudo o que era festa,recepção ou dia de qualquer coisa.Tempos sensacionais.No gastar é que estava o ganho,o poder,o prestigio.Tudo era permitido desde que a fidelidade ideolgica fosse respeitada.E foi assim que apareceu o “dna” do “Simplex”, o mui conhecido,falado e discursado “Deficex”.A verdade é que sem o “Déficex” não haveria “Simplex”.E se bem me recordo este défice teve vários artistas e várias interpretações.Começou por ser virtuoso,depois passou a duvidoso e mais recentemente um alto príncipe apelidou-o de monstruoso.Por mim acho que o ´défice é apenas guloso pois continua a pagar os “ascones”(assessores para coisa nenhuma),os “gescones”(gestores para coisa nenhuma) e mais umas quantas “coisas nenhumas”.E foi neste contexto de endividamento que o Príncipe entendeu criar a PRAGA(Programa de Reforma Administrativa dos Galhos) para proceder,de mansinho,ao levantamento dos “Organigalhos” do sistema,pois a falta de verba já não dá para os fiéis quanto mais para os amigos.
De igual forma,foi criada a “Umigalhos”(Unidade de Missão para os galhos).Uns meses de trabalho e eis que os frutos da Praga e da Umigalhos se tornaram visíveis.A Praga continua a fazer o seu trabalho e está na base daquele quadro “pró-galheiro”,terrível realidade da tecnocracia pura e dura que vai certamente atingir os mais desprotegidos,isto é,os menos fiéis. A “Umigalhos” trabalha que se farta na hora,no minuto,no segundo.Não pára ao serviço do Príncipe.O Príncipe também não pára.O seu lema só pode ser “Quem sabe faz na hora,não espera acontecer”.Qual “telstar” cobre todas as bandas e é tal a dimensão tecnológica de serviço que as 333 medidas estão em fase de grande realização.Apenas falta saber se o combate é eficáz e tem repercussões no défice.O problema é o mesmo de sempre.Há um ritmo tecnocrático de banda larga imposto por quem está no poder e há a realidade cultural da banda estreita passiva e corporativa para quem a mudança é sempre um perigo.E é esta realidade que traduz o estado da Nação ou se preferir a danação do Estado.Não haverá por aí perdido,num dos muitos galhos do sistema ,alguém capaz de inventar uma “poção mágica”?Vale a pena tentar e apostar na inovação pois é uma forma inteligente de não ir “pró galheiro”…

José Vicente Ferreira
Gestor e Docente Universitário ISCSP-UT

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